Oxidação e Pátina Natural em Prata
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Oxidação e Pátina Natural em Prata

"Minha jóia em prata ficou preta, será que a prata era falsa?"

Resposta rápida: Claro que não!

Resposta completa: olha, não dá pra saber se a sua peça é de prata mesmo apenas considerando a oxidação. Um joalheiro consegue identificar com mais facilidade se o metal é prata avaliando o peso, a textura, a aparência, mas certeza mesmo, só fazendo testes químicos. Mas o fato de uma peça supostamente de prata ter oxidado é um bom sinal, porque TODA PRATA ESCURECE. "Ah, mas eu tenho uma peça de prata há vários anos e ela continua branquinha" Será que essa peça tem banho de ródio, ou algum verniz protetor? A oxidação ou pátina da prata depende de vários fatores. Coloquem o jaleco pois hoje vamos para uma aula de metalurgia e química. Se você olhar na tabela periódica, verá que a prata está na linha dos metais nobres, junto com o ouro, platina, ródio e outros. Metais nobres são metais pouco reativos, ao contrário dos metais comuns, também conhecidos como metais vis, como o ferro e o cobre. A prata pura é um metal branco, mas ela sofre reações ao entrar em contato com alguns elementos, principalmente o oxigênio, o enxofre e o cloro. O elemento mais comum das pátinas de prata é o sulfeto de prata, causado pela reação com o enxofre. E como a prata entra em contato com o enxofre? Além de ser um poluente do ar comum nas grandes cidades, o enxofre é liberado na nossa pele quando comemos alimentos ricos nesse elemento ou usamos algum tipo de medicamento. Assim, muitas pessoas têm uma reação imediata à prata e deixam a peça pretinha em um dia de uso, enquanto outras demoram meses para produzir alguma reação. Além disso, a prata que usamos na joalheria não é prata pura: ela é uma liga metálica, uma mistura de prata e cobre. O cobre oferece resistência à liga, já que a prata pura é um metal muito mole. Mas por ser um metal comum, o cobre também reage, e muito, com esses elementos e acabam por acelerar o processo de escurecimento da prata.

Foto: O mesmo anel de prata em dois estágios: logo após ser feito, e cinco anos depois de uso constante. Uma pátina natural se desenvolveu nas partes baixas da peça, enquanto o alto relevo continuou branco e brilhante graças ao uso constante. Se a peça tivesse sido guardada, provavelmente estaria inteira preta.

A pátina ou escurecimento da prata é um problema? Na minha opinião: não! A pátina é um fenômeno natural, atóxico, que dá personalidade a uma peça e mostra como ela é usada e amada. Em muitas peças antigas ou históricas, o simples fato de se remover a pátina natural dos metais reduz em muito o valor que essa peça pode alcançar em leilões e vendas. Além disso, se você usar bastante a sua peça, a pátina vai acabar se desenvolvendo apenas mas partes em baixo-relevo, nos cantinhos e nos detalhes, e isso vai dar uma profundidade maior e uma personalidade mais interessante à peça. Muitos designers, inclusive, já oxidam e dão polimento às peças para poder antecipar esse fenômeno natural.


Mas se você quer a sua peça branquinha como no dia em que nasceu? Não tem problema! Você tem três opções:

1. Dar banho de ródio na peça. Assim ela vai permanecer sempre branca. Note que o banho pode vir a se desgastar com o uso, principalmente em anéis, e vai precisar ser refeito no futuro.

2. Fazer uma limpeza física, usando um abrasivo para retirar a oxidação. Normalmente são usadas flanelas com algum composto abrasivo, ou

3. Fazer uma limpeza química, seja com líquidos especiais que retiram a pátina, ou com aquela receitinha usando bicarbonato (que eu vou explicar passo-a-passo no próximo post).


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